entrevista com tato fischer
Por: Solange Castro
Solange Castro – Tato, em primeiro lugar, grata por nos conceder seu tempo tão precioso…
Bem, você tem “música nas veias” – como começou seu contato com ela?
Tato Fischer – Pois bem: primeiro contato, mesmo, depois das cantigas de roda, foi indo ao Conservatório. Estudei desde os 8 anos com professora particular, e aos 10 para 11 já estava cursando o Conservatório, o que fiz até os 18 anos… Morava em Penápolis (SP) e estudava em Lins, cidade vizinha 50km. Foram duas vezes por semana, durante vários anos. E ainda fiz mais um, complementar, de aperfeiçoamento. Tudo isso antes de vir pra São Paulo, capital, pra estudar Psicologia na PUC.
Terminei meu bacharelado e licenciatura em Psicologia em 1971 e em 1972 foi fazer um teste para Jesus Cristo, Superstar. Foi o começo do Teatro na minha vida. A partir de então, e até hoje, Teatro e Música me acompanham diariamente.
No Teatro fiz música para muita peça, dirigi Teatro, atuei como ator. Só ainda não fiz no Teatro StripTease… ainda AHAHAHAA
Solange Castro – Nem imagino uma cena dessas – rs…
Bem, então você começou cedo e Iso, seu irmão, também é músico, isso pressupõe que seus pais tinham a música bem próxima, é uma relação que vem de berço, estou correta?
Tato Fischer – Quase correta rs..
Meu pai trouxe para casa um piano quando eu teria uns 10 anos de idade, Iso Fischer, 6.
Nem ele, nem minha mãe eram músicos, mas desde cedo incentivaram seus filhos. Mais recentemente soube que meu pai, por volta de seus dez anos de idade, pedia à professora de piano, sua vizinha, que lhe desse aulas de piano; os demais irmãos faziam bulling por conta disso…
Quando chegou o piano, eu já estudava no Conservatório. Iso chegou a ser meu aluno de piano, porém começou a compor muito bem antes de mim… final dos anos 60s ele já estava compondo, coisa que eu só me atrevi a fazer por volta de 1979. Assim que fiz meu primeiro show. Eu já estava com 30.
Solange Castro – Incríveis seus pais, que maravilha!
Você falou sobre começou na Música e no Teatro, e agora nos conte os segredos do seu lado “Mágico…”
Tato Fischer – Também foi com meu pai que tudo começou. Nicolau Abramides, o Mágico Dr. Abramus, o Maior Mágico Amador do Brasil, como diz um folheto distribuído pelos que o contrataram pra um show, nos anos 60s, no interior do Estado de São Paulo.
Com ele comecei os primeiros passos na Mágica. Já em São Paulo tive contato com inúmeros mágicos maravilhosos, muitos deles meus amigos e parceiros, das diversas entidades que conheci e das quais participo ou participei.
Solange Castro – Mas entre seus “três poderes”, a música parece ter seu maior apego, eis inclusive professor. Como é esse seu universo de mestre, maestro, diretor de coral…
Tato Fischer – Cantar é algo que faço há muito tempo, mesmo. Aos 17, fazíamos serenatas em minha cidade, eu adorava cantar. O Valter Pini tocava violão e tirava muitas músicas num tom que me era aprazível, e eu cantava com ele.
Comecei a dar aulas de canto no meu primeiro ano de Teatro: 1972. Meus colegas de cena achavam que eu sabia tudo de canto, então me pediam aulas, e eu dava. Dava, não! Vendia AHAHAHAHA..
Foi nesse mesmo ano que começamos com o Secos & Molhados, que só veio a aparecer em disco em junho/julho de 1973. Eu já não estou nos discos, ainda que houvesse tocado em todos os primeiros shows do grupo. Eu me deliguei do grupo em maio.
Por conta dessa passagem musical, comecei a ser chamado pelo Maestro Paulo Herculano para tocar em peças teatrais. Fiz com ele algumas peças a partir de então (O Que Mantém um Homem Vivo e Hoje é Dia de Rock foram duas delas).
Em 1979 resolvei fazer meu primeiro show. Eu cantava, dava aulas de canto, adorava interpretar. Por que não fazia um show meu? A partir daí comecei a participar de festivais de música e bateu a vontade de compor também, e aí comecei a deslanchar também nesse terreno.
Em 1994 fui chamado a montar um coral num Shopping de Santo André, que foi se transformando até virar o que é hoje o Grupo Vocal Amídalas Cantantes.
Venho fazendo meu trabalho de compositor e intérprete, participando de grupos musicais e realizando Saraus na cidade de São Paulo. Inventei em 2003 o Sarau QuartaQuarta – que deu o “start” para o “SegundaSegunda” no Panorama -, que perdura até hoje, sempre realizado na quarta quarta-feira do mês. Membro do Clube Caiubi de Compositores, que não tenho frequentado por questão de tempo e trabalho, mas venho participando do Sarau Toca do Autor.
Durante minha internação hospitalar no final de janeiro deste ano de 2020, acabei compondo algumas canções. Ouvi muito no hospital: “Em nome de Jesus.” Precisei realizar uma canção: “Tudo em Nome de Jesus”.
https://www.youtube.com/watch?v=g2XLeBpkF40
Solange Castro – Incrível, Tato, um “contato” com a compreensão, lindo..
O que você está achando da “Cultura Brasileira” nesse momento?
Tato Fischer – A que estamos fazendo, artistas independentes, independentemente do resto, ou a Cultura do Pum do Palhaço?
Em nossos Saraus e em muitíssimos outros, que até desconheço, tantos são eles, há muita gente fazendo um trabalho belíssimo, acordado, buscando salvar o barco que não deixaremos afundar!
Sem dúvida, é uma tarefa quase insana, mas temos de abraçar nosso Caminho, Nosso destino!
Solange Castro – Pois é, Tato, o trato com a cadeia produtiva das artes está sendo rigorosamente HUMILHADA nesse contexto atual, é de dar dó, e raiva.
Fale-nos um pouquinho dos seus maiores parceiros..
Tato Fischer – Tenho muitos parceiros no time dos compositores, gente que participa do “Clube Caiubí de Compositores”, gente que participa do Toca do Autor, e gente que participa do “Sarau QuartaQuarta”.
Muita gente que vem para somar, cada vez mais, no nosso universo artístico independente, aquele que depende de tudo o mais… Dia desses fomos entrevistados pelo “Colibri Vita”, na Rádio Brasil Atual. Estive lá com o “Grupo Vocal Amídalas Cantantes”…
Muitos amigos queridos. Entre parênteses: estive hospitalizado durante a última semana de janeiro, e essa multidão de parceiros – não teria outro jeito de dizer isso – estava de prontidão, torcendo pelo retorno!
Solange Castro – Sim, mas estás bem agora, certo?
Tato, seu trabalho é incrível, e, sabendo quanto andas ocupado com a lida e ainda se tratando, não tenho como agradecer sua atenção..
Você está prestes a fazer algum lançamento, alguma novidade no horizonte?
Tato Fischer – Sim! Tenho preparado um trabalho com Tony Pelosi, um novo CD.
É certo que as pessoas hoje não fazem mais CDs, mas é o caminho pra poder fazer o lançamento de seu trabalho.
“Sempre Seguindo…” é o nome de meu mais novo trabalho, que estou lançando em formato de show. É por onde a Vida tem me levado, e vou… Sempre Seguindo!
Solange Castro – Uau! Trabalho seu com Tony deve estar maravilhoso!!
Tatíssimo, muito obrigada por ter cedido tempo tão valioso. Por favor, mande sempre notícias de shows e eventos, e claro, sobre esse CD que será imperdível.
Grande beijo..
Foto: Felipe Calixto
Junho de 2020